06 agosto 2012

Lucro Brasil: alguns carros que não podemos comprar de jeito nenhum

Quer comprar um Gol Power 1.6? Ou um Honda Fit? Pense de novo, as montadores que fabricam estes veículos querem te vender um carro por muito mais do que ele vale de verdade! Elas dizem que é culpa dos impostos, ou do "custo Brasil", mas todos sabemos que o culpado mesmo é o tal do LUCRO BRASIL, uma sórdida política de preços perpetrada por "nossas" montadoras, que se aproveitam da falta de preparo do consumidor Brasileiro, muito facilmente passado para trás, que aceita pagar por produtos de qualidade duvidosa o preço da embalagem.

É bem fácil descobrir os carros que estão muito acima do seu preço. Normalmente eles chegaram no mercado com preço bem mais baixo, e tiveram reajustes injustificados, depois que "caíram no gosto do povo, em suas "versões" mais novas (muitas vezes até pioradas em relação aos originais, com menos acessórios, motorização, às vezes até sem o câmbio mais moderno que tinham, como no caso do Honda Fit que perdeu o fantástico câmbio CVT, trocado por um automático muito ruim)

Mas como eu descubro estes carros? Simples, é só usar a tabela FIPE direitinho. Lá no site de consulta dos preços de veículos pela FIPE, bem no topo do formulário tem um campo chamado "Tabela de Referência". Você pode escolher o ano/mês da tabela a ser consultada, e voltar até, por exemplo, Janeiro de 2001.

E foi exatamente isto que que fiz, só para matar minha curiosidade. Vejam alguns resultados abaixo (mas levem em consideração que os preços atuais, de 2012, estão já com o IPI reduzido, ou seja, são preços com o alívio deste imposto pelo governo, provavelmente para estas empresas conseguirem vender e manter seus lucros absurdos... pode adicionar uns 5% ao preço dos carros em 2012 para ver seu preço "real"):

Gol Power 1.6 4P

  • Janeiro de 2002: R$ 24.998,00
  • Julho de 2012: R$ 37.598,00
Vai me dizer que o fato dele ter virado "Flex" justifica o aumento de 50% no preço do carro?

Honda Fit Ex Automático

  • Junho de 2005: R$ 53.019,00
  • Julho de 2012: R$ 61.148,00
Um aumento de 20% para você ter um carro com os mesmos acessórios, acabamento no mesmo nível, painel mais bonito (o que não deve mudar em nada o preço de um carro, pois apenas o realinha com a concorrência), e com um câmbio automático infinitamente PIOR! O Honda Fit era mundialmente reconhecido como o melhor carro do segmento por ser o único a oferecer câmbio automático com tecnologia CVT, a qual não possui troca de marchas, mas sim uma transmissão de variação contínua, ou seja, é mais econômico, confortável e moderno. 20% à mais por um carro pior, sem o diferencial do CVT. Que estranho?

Honda Fit Lx Manual

  • Junho de 2005: R$ 41.615,00
  • Julho de 2012: R$ 51.848,00
25% de aumento pelo mesmo carro! Fantástico!

Palio ELX Fire / Fire Flex 4P 1.0

  • Março de 2004: R$ 25.072,00
  • Julho de 2012: R$ 28.520,00
Não aumentou tanto, mas considero uma afronta ao consumidor Brasileiro. Este é ainda o modelo ANTIGO do Palio. Ou seja, estão vendendo um carro "fora de linha", "velho", do modelo antigo, mais caro que quando o mesmo era "o oficial".

Algum se salva?


Alguns carros sofreram o contrário, tiveram seus preços reduzidos (novamente leve em consideração a isenção de IPI em prática hoje). Outros sofreram aumentos bem menores, e melhoraram significativamente. Vejam alguns exemplos interessantes:


Honda Civic LXS Mecânico

  • Março de 2007: R$ 69.012,00
  • Julho de 2012: R$ 64.565,00
E ainda acho que ganhou alguns equipamentos (mas não tenho certeza).


BWM 320iA

  • Março de 2002: R$ 101.199,00
  • Julho de 2012: R$ 126.869,00
Ué? Ele não aumentou 25%? Como está nos que se salvam? Temos que levar em conta que em 10 anos ele aumentou 20%, bem abaixo da inflação, e ficou muito, mas muito melhor. Porém, ainda precisamos considerar o fato de que o "Governo", insensato e prejudicial ao povo que é, impingiu na BMW e demais importadoras um aumento de cerca de 30% no imposto de importação que pagam para trazer carros de verdade ao Brasil. Assim o Governo garantiu que nossas carroças à preço de jatos possam competir, em termos de preço, com estes carros de verdade, que eram nossa única esperança de fugir deste OLIGOPÓLIO que são as montadoras "nacionais". Oligopólio este que é mantido com nossos impostos e garantido por um Governo CORRUPTO e de rabo preso com sindicatos metalúrgicos. Agora "nossas" grandes montadoras podem continuar sustentando suas matrizes lá de fora com o suor do povo brasileiro.

Conclusão


Portanto, antes de comprar seu próximo carro, dê uma olhadela na FIPE de tempos atrás para ver se seu carro não é mais um desses que veio como "modelo novo" e simplesmente, sem justificativa, "subiu" de categoria (veja o "New Fiesta": lá fora é vendido pelo mesmo preço do Fiesta Antigo, mas aqui passou a custar preço de carro premium!)

Outra forma muito interessante de comparação é o índice Lucro Brasil que estou me preparando para publicar: indexarei o preço do carro na sua origem (EUA, EU, Japão, etc.) relacionando-o com os concorrentes diretos de lá, para podermos saber se não estamos comprando aqui carro de entrada como se fosse top (Corolla, Veloster, Cadenza, novo Azera, etc.) Muitos carros são vendidos aqui como se fossem premium enquanto não o são e deveriam custar bem menos ante seus similares. Espero conseguir capturar isto com o Índice Lucro Brasil. Mas isto é para um próximo artigo...

2 comentários:

Anônimo disse...

Amigo, sem querer tomar partido de nenhuma montadora (até porque eu concordo com a sua análise, de forma geral), acho que a inflação deveria ser levada em conta nessa comparação de preços, assim como você o fez para argumentar a favor do BWM 320iA.
Por exemplo, no caso do Gol, a comparação mostra um aumento de 50% em 10 anos! E quanto foi a inflação nesse período? Descontando a inflação em cada um dos casos (e reavaliando o desconto do IPI, como você bem lembrou), teríamos uma ideia mais nítida da real evolução dos preços.
[]s!

Loudenvier disse...

A questão é que no mundo inteiro todos os carros baixam de preço à cada nova geração. No Brasil só há aumentos. E é muito complicado usar índices de inflação para mensurar o aumento real do preço dos carros, por vários motivos, um dos quais é o fato da "inflação" que atinge as montadoras ser completamente distinta da que atinge o assalariado, pesando mais valor do dólar (que muito caiu), aço, etc. O que poderíamos fazer é usar o aumento do poder aquisitivo para fazer uma análise justa se os carros estão mais "distantes" do Brasileiro hoje do que "ontem".