07 julho 2005

Ao Sr. Luiz Ernesto Magalhães

É deprimente testemunhar o despreparo e a falta de imparcialidade de alguns, quando escrevem um texto para um jornal de grande circulação como O Globo. O Sr. Luiz Ernesto Magalhães, sem qualquer embasamento estatístico, apenas fiando-se na opinião formada pela própria imprensa, promove e apoia o extermínio de uma pobre vítima, que foi transformada em vilão pela inescrupulosa máquina das manchetes jornalísticas com apelo popular (tão boas para o jornal, que vende mais, e tão ruins para a sociedade, que não pode confiar mais nesse veículo)

Temos que parar de pensar nestes cães como vilões dessa história. Há uma inversão de valores e papéis. Não paramos para analisar pelo quê estes cães passam. Pior ainda. Sabemos que eles são usados em rinhas, motivado por sua aptidão física, e, covardemente, admitimos que esteja na natureza de tais cães toda essa violência pela qual são obrigados a passar.

Condenar os pitbulls (e afins) pela violência eventual é o mesmo que condenar uma vítima de homicído por se ter posto no caminho da bala.

A Dr. Luiza, que confeccionou o flash sobre o problema do pitbull, me autorizou a adaptá-lo a outros meios de comunicação. O trabalho ainda não está completo, mas acredito que valha a pena expô-lo aqui como se encontra, para que, talvez, o Sr. Luiz Ernesto coloque a mão em sua própria consciência.

Pitbulls são famosos em círculos de peritos de cães pelo amor e lealdade que oferecem a qualquer um que demonstre o mínimo de bondade.

Quando pensamos em pit bulls, normalmente associamos imagens de violência e terror, e ficamos sempre chocados e revoltados quando sabemos de "mais um ataque de pitbull".

Nunca paramos para pensar na violência a que esses animais são sujeitos.

O que as pessoas não sabem é que o pitbull aprende o comportamento que lhe é ensinado, pois nem todo pitbull tem sorte suficiente de ser abençoado por um salvador humano.

E quando um pit bull ataca uma pessoa, nos convencemos de que está "em sua natureza". Se ao menos pudêssemos todos testemunhar o que eles são forçados a passar...

"Toda crueldade nasce da fraqueza." - Seneca, 4 A.C. - 65 D.C.

Esses cães precisam de nossa ajuda, não de nosso ódio.

Pois mesmo após ter sido quase espancado até a morte, eles ainda podem demonstrar amor.

E por que não, nós?

E seria possível que não estaríamos dispostos à encarar a terrível verdade de que a humanidade está disposta a pegar um excelente cão de família e torná-lo em um animal, cruel e mortal...

.. através de meios tão desumanos que somente um humano seria capaz de cometê-los.

Felizmente a maioria dos pit bulls não possuem monstros como donos.

Talvez nós escolhêssemos culpar um ser "inferior" como o cão, do que reconhecer a desgraça que muito da humanidade se tornou.

Nos preocupamos com algo chamado "o problema do pit bull", e, no entanto, num estudo de 7 anos, pit bulls registraram apenas 1,89% de todas as mordidas.

E, num estudo que numerou, em ordem, a chance de mais de 100 raças diferentes de morder uma pessoa, o pitbull ficou em quarto... a partir de baixo.

Labradores e Cocker Spaniels são estatisticamente mais perigosos.

As pessoas dizem que os pit bulls nascem maus. Elas dizem que são naturalmente cruéis.

Estas pessoas deveriam testemunhar o amor incondicional que um pit bull devota à uma criança.

"Até que ele estenda seu círculo de compaixão à todas as coisas vivas, o próprio homem não encontrará paz." (Dr. Albert Schweitzer)

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