Na F-1 há atualmente apenas dois fornecedores de pneus: A japonesa Bridgestone e a francesa Michelin. Durantes os treinos classificatórios neste circuito, que é um dos mais rápidos do mundo, os pneus da Michelin começaram a apresentar problemas de desgaste, correndo o risco de rasgarem lateralmente, deixando totalmente inseguros os pilotos e equipes que utilizam pneus da Michelin. Para piorar, um grave acidente, sem piores repercursões, envolvendo Ralf Schumacher, foi causado pelo estouro de um pneu Michelin nas mesmas circustâncias suspeitas. A fábrica então enviou um comunicado às equipes aconselhando-as a não correr, a menos que fosse criada uma chincane entre as curvas 12 e 13 do circuito, dimunindo assim sua velocidade.
A organização da F-1, as equipes que tinham pneus Bridgestone, e a própria fornecedora japonesa de pneus foram contra esta proposta. E com total razão. É ridículo esperar que um circuito fosse adaptado para atender a uma deficiência de equipamento de determinada marca. Alegavam que tornariam o circuito "mais seguro" (leia-se "mais competitivo") para todos os pilotos.
Louvemos o punho da organização da F-1 por não ter cedido a estes apelos insólitos e absurdos de um fabricante de pneu, e das equipes que estariam em desvantagem neste circuito.
Contudo, o desfecho não poderia ter sido pior. Apenas 6 carros largaram, pois não houve equipe corajosa o suficiente para colocar seus pilotos na pista com pneus Michelin. A F-1 não é mesmo mais aquela categoria de valorosos e corajosos pilotos, mas sim mais um empreendimento político-capitalista que visa apenas o lucro.
Se o problema estava na velocidade dos carros nas curvas 12 e 13, por que não correr com mais cautela nestas? Não, talvez a Michelin pensasse que isto seria muita humilhação para "seus pneus", pois certamente os Bridgestone iriam deixá-los no chinelo. Melhor impedir a corrida, mudar traçado, arrumar um jeito qualquer de equiparar os seus pneus com os do seu concorrente de olhinhos puxados. Pois é, me parece que o tiro saiu pela culatra. A Michelin entrou para a história da F-1 como a única fornecedora de pneus que foi capaz de arruinar a imagem da F-1 nos EUA, e a única a estragar completamente um grande prêmio (justamente o de Indianápolis).
Claro, agora vão tentar reverter a situação da forma mais sórdida possível. Não vão aceitar seu quinhão de culpa. Vão dizer que o problema foi a intransigência da organização da F-1, ou o egoísmo das equipes que corriam com os Bridgestone, ou vão até mesmo atacar a própria Bridgestone (por ter pneus seguros). Não duvido nada que os méritos da fábrica japonesa de pneus sejam transformados no vilão dessa história.
Já estão començando a agir neste sentido. Antes da corrida jogaram a culpa no traçado da pista. A empresa alegou que a curva 13 do circuito forçava demais os pneus, causando danos e trazendo perigo aos pilotos. Hoje fizeram a seguinte declaração da Michelin foi feita hoje pela manhã:
É lamentável que nossas sugestões sobre a corrida, combinadas com nossas equipes, não tenham sido adotadas. Se nossas idéias tivessem sido atendidadas, poderíamos ter garantida a segurança dos pilotos e mantido o interesse do público.
Agora a culpa não é da deficiência de seus pneus, mas sim da organização da F-1 (e seus aliados neste episódio) que foram contra às sugestões (ridículas) da Michelin.
Rebatendo esta alegação, a FIA fez a seguinte declaração:
O Mundial de F-1 é uma competição esportiva, que segue regras específicas. Elas não podem ser negociadas cada vez que um competidor traz equipamento inadequado a uma corrida
No final das contas, o que importa é que para o fã estadudinense vai ficar apenas a imagem daquela largada ridícula, com seis míseros carros enfileirados (tudo bem que tinha duas Ferrari, mas...)
Ainda vem muita coisa por aí. Vamos ver no que vai dar.
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