10 maio 2005

Meu Cãozinho Querido

Descobri o que nos faz amar tanto um cãozinho! Depois de um trabalhão para passar incólume pela infância do meu filhotinho, ele finalmente chegou a completar 1 ano de vida, e eu enfim compreendi mais um motivo dessa coisinha ter roubado meu coração tão total e incondicionalmente: sofrimento compartilhado.

Nada pode dar mais trabalho do que ter um cão em um apertamento (com 'e' mesmo, de apertado). É chegar em casa tarde, depois de muitas horas extras e desgastes no trabalho, e ter que limpar a sujeira que ele teve que fazer no meio da sala porque não aguentava mais esperar você chegar. Depois de limpar a sujeira, ainda ter que descer com ele para passear (só pra ele fazer mais sujeira pela rua, e você ter que limpar também). É correr atrás dele para prendê-lo na coleira, pois embora você esteja morto de cansaço, ele está com o pique todo, e não quer subir, e ainda quer que você brinque com ele (como ele gosta de fugir, acho que ele pensa que tudo é brincadeira). É se render ao olhar de coitadinho sonso dele e deixá-lo ficar mais "uma horinha" brincando "lá em baixo", enquanto você fica batendo a cabeça de sono. É isso e muito mais, muito mais mesmo (é encontrar seus CDs comidos, seu tênis molhadinho de xixi e mastigado, seu sofá cada dia com um rasguinho novo, ...)

E então você chega no trabalho, morto de cansado porque não conseguiu descansar "ontem" dando atenção ao seu filhote (estamos falando de um cão, lembrem-se, porque eu tenho que me lembrar disso sempre, pois o chamo o tempo todo de "filho"). Aí você abre seu computar e quem está lá de papel de parede? Ele, ele mesmo... E ele está te olhando, com a cabecinha inclinada, e você nem se lembra mais de todo o trabalho que dá, só pensa numa coisa: "Eu amo esta criaturinha! Que Saudades, quero voltar logo pra casa!"

Parece coisa de maluco, mas não é. Transportando esta experiência para um âmbito mais geral, ela apenas confirma o que teimamos em negar: "Não há realização sem esforço. Não há vitória sem desprendimento. No pain, no gain."

E é por isto que eu amo tanto o meu cão. Por ter que me resignar a atender as necessidades dele, em detrimento do meu conforto pessoal. Por ter que me entregar completamente para fazer a vidinha dele mais feliz.

Se não fosse trabalhoso cuidar dele, se tudo fosse fácil demais, será que eu sentiria tudo isso por essa criaturinha? Sem esforço, nada vale a pena. Quem ganha de graça, ou desperdiça, ou não reconhece o valor da dádiva que recebe. Não existe milagre neste mundo, apenas trabalho e dedicação.

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